Capadócia – Turquia
A Capadócia (em turco: Kapadokya, em grego: Καππαδοκία; transl.: Kappadokía) é uma região histórica e turística da Anatólia central, na Turquia.
A noção de “Capadócia” é tanto geográfica como histórica, tendo os seus contornos variado consideravelmente, conforme as épocas e pontos de vista. O geógrafo e historiador grego Heródoto considerava que a Capadócia estava delimitada pelos Montes Tauro a sul, pelo Lago Tuz (em turco: Tuz Gölü) a oeste, pelo rio Eufrates a leste, e pelo mar Negro a norte, uma área que, com algumas variações, foi sucessivamente uma satrapia (província) persa, satrapia do Império Macedónio, Reino da Capadócia e província romana.
Atualmente, o termo Capadócia tanto pode referir-se a uma área de aproximadamente 15 000 km² entre Aksaray, Hacıbektaş, Kayseri e Niğde, cuja população total não chega ao milhão de habitantes, como a uma área muito mais restrita, o triângulo com aproximadamente 20 km de lado delimitado por Nevşehir, Avanos e Mustafapaşa, a sul de Ürgüp, sendo esta última zona a mais conhecida em termos turísticos. Em muitos mapas, o nome da Capadócia não é mencionado, já que não corresponde a qualquer demarcação política.
Em alguns contextos, principalmente na Antiguidade, o termo Capadócia designa uma região ainda mais vasta que a descrita por Heródoto, estendendo-se à costa mediterrânica a sul e quase até o que é hoje a Arménia a norte. O historiador grego Estrabão chama Cilícia à zona administrativa do que é hoje Kayseri, a antiga Cesareia e Mázaca, um termo que é mais usualmente aplicado, pelo menos em registos mais recentes, à região costeira do sul/sudeste da Anatólia. Quanto à região mais a norte, historicamente é usualmente mais associada com o Ponto.
Características
As características mais distintivas da região são as formações geológicas únicas, resultado de fenómenos vulcânicos e da erosão, e o seu rico património histórico e cultural, nomeadamente cidades subterrâneas e inúmeras habitações e igrejas escavadas em rocha, muitas destas com admiráveis frescos. Em 1985, o Parque Nacional de Göreme, uma das áreas mais famosas da região, com 9 576 ha, foi declarada Património Mundial pela UNESCO.
A região tem um papel muito especial na tradição cristã. Durante os primeiros anos do cristianismo, a Capadócia foi um terreno fértil para a expansão da nova religião, em parte pela sua proximidade das Sete igrejas da Ásia, mencionadas no livro do Apocalipse do Novo Testamento, e de Antioquia (atual Antakya), onde São Pedro fundou a primeira comunidade cristã.
São Paulo efetuou três viagens à Capadócia entre 44 e 58. Muitos dos primeiros cristãos habitavam a região, tendo as cidades subterrâneas sido usadas como refúgio pelos primeiros cristãos durante as perseguições de que foram alvo. durante os séculos II, III e IV. Aí nasceram nessa época pelo menos os seguintes santos e teólogos:
São Mamede, São Basílio Magno e Gregório de Níssa, de Cesareia (atual Kayseri).
Cesário de Nazianzo, Gregório de Nazianzo, o Velho e Gregório de Nazianzo, o Novo, de Nazianzo, uma antiga cidade onde agora se encontra a pequena aldeia de Berkalar (também chamada de Nenizi) e Gülagaç, entre Aksaray e Nevşehir.
Basílio, Gregório de Níssa e Gregório de Nazianzo, o Novo, são chamados os Padres ou Filósofos Capadócios na literatura cristã, sendo apontados como importantes teólogos, tendo desenvolvido, por exemplo a doutrina da Trindade.
Outro clérigo famoso originário da região foi João II da Capadócia, patriarca de Constantinopla entre 518 e 520, que, apesar do seu curto patriarcado, ficou famoso por ter marcado o fim de um cisma de 34 anos entre as igrejas orientais e ocidentais, originado no Concílio de Calcedónia.
Apesar do assunto ser controverso, segundo a lenda, São Jorge também teria nascido na região, embora tenha ido para a Palestina, de onde a mãe era originária, ainda em criança. A lenda de São Jorge e do dragão tomou forma na Idade Média, sendo o santo convertido em padroeiro de muitos estados e coroas da Europa, nomeadamente de Aragão, Portugal, Inglaterra e Génova, entre outros. A Cruz de São Jorge ainda hoje está presente nas bandeiras da Geórgia, Inglaterra, Sardenha, Barcelona e Aragão e nos brasões de Génova e Pádua.
Existem entre 400 e 600 igrejas na região, muitas delas escavadas em rochas, das quais largas dezenas são interessantes de visitar. As mais antigas datam provavelmente do século VI, embora a maior parte date dos séculos X e XI, o período que vai desde o fim das incursões árabes, até à chegada dos seljúcidas.
Fonte: Wikipédia